E eu que nem sei quem sou
Que nem sei o que quero
Quero o silêncio da noite, quero hoje
que rompem o silêncio
Eu sou sincera
Eu sou sincera quando digo
sou mais ainda quando calo
Algumas coisas não são ditas
pela inconsistência das palavras
Algumas coisas não são ditas
pelos grilhões das frases
Eu quero o mundo, dentro de mim
pelos sentidos, pelos olhos, pelo ouvido
pelo menos, pela pele
Entre os nós e os espinhos
ficam as pétalas
Entre nós, as flores, as pedras
Eu quero os 'esses'
do final das palavras
Quero pluralizar o sentimento
Me tornar capaz
de fazer o amor parir seus filhos
A linha do horizonte apagou
O céu não tinha nuvens
E o mar estava da mesma cor
Nada dividia
nada separava
Apenas ampliava
a continuidade da esfera azul
Nenhuma linha no horizonte divide o azul
O corpo é mar
onde a vida navega
A mente é céu
que vôa longe
Às vezes faz sol
às vezes tem muitas nuvens
Mas nada separa o mar do céu
Só o fim
O fim é a linha do horizonte
A morte, enfim.
A linha do horizonte ainda não existe
O mar invade o céu
O céu se confunde com o mar
Meu horizonte é um só
e nenhuma linha divide
Meu horizonte
É só um corpo que tenta alcançar o céu
É só uma mente que quer navegar
A linha do horizonte de materializa
O corpo naufraga, não alcança o céu
A mente se eleva, não nada no mar
