O vôo dos urubus


Continuamos a olhar para o céu

e insistimos na nossa imbecil crença

de como são lindas as gaivotas

Desvalorizamos o trabalho árduo

daqueles que limpam a sujeira

Nós também somos decompositores

Que transformam sentimentos em composições

limpamos a nossa chaminé

da casa que nos abriga

enquanto os que voam pousam

para limpar a nossa morada,

do mundo que habitamos

Não existe a menor necessidade

de estética para exercer funções

Mas insistimos em atribuí-las

Continuamos a olhar pro céu

e insistimos em admirar o vôo dos urubus

nos iludindo com a imbecil crença

de como são lindas as gaivotas

Não se trata de gaivotas

Nossa vaidade nos trai

quando percebemos que admiramos o vôo

das aves que comem o lixo

E é nesse momento que entendemos a necessidade

não só de admirar o que nos enche os olhos

mas de enxergar além disto.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

3 Comments:

M. A. Cartágenes said...

Amarante estava certo em dizer "Eu gosto é do estrago..."

Bob LaBrie said...

Marina Lucia, esse teu texto é simplesmente sensacional, mto bem trabalhada a ideia!

analeite said...

Concordo com você Marina. =)

 
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