Continuamos a olhar para o céu
e insistimos na nossa imbecil crença
de como são lindas as gaivotas
Desvalorizamos o trabalho árduo
daqueles que limpam a sujeira
Nós também somos decompositores
Que transformam sentimentos em composições
limpamos a nossa chaminé
da casa que nos abriga
enquanto os que voam pousam
para limpar a nossa morada,
do mundo que habitamos
Não existe a menor necessidade
de estética para exercer funções
Mas insistimos em atribuí-las
Continuamos a olhar pro céu
e insistimos em admirar o vôo dos urubus
nos iludindo com a imbecil crença
de como são lindas as gaivotas
Não se trata de gaivotas
Nossa vaidade nos trai
quando percebemos que admiramos o vôo
das aves que comem o lixo
E é nesse momento que entendemos a necessidade
não só de admirar o que nos enche os olhos
mas de enxergar além disto.
3 Comments:
Amarante estava certo em dizer "Eu gosto é do estrago..."
Marina Lucia, esse teu texto é simplesmente sensacional, mto bem trabalhada a ideia!
Concordo com você Marina. =)
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